Quando nos casamos,
minha esposa e eu, como tantos outros casais, recebemos muitas mensagens de
felicidades. Num dos cartões, lia-se: O casamento é uma bendita instituição que
Deus nos preservou do paraíso? Depois de quase sessenta anos de vida conjugal e
familiar, continuo a confirmar a veracidade desta declaração.
Contudo, também
aprendi e pude observar nos outros que essa bênção não é automática, nem tem
garantia duradoura sem que se observem algumas condições. Vivemos num mundo
pecaminoso, do qual Satanás é o príncipe. Nesta sociedade estão atuantes toda
classe de forças contrárias que instigam nossa natureza pecaminosa e tendem a destruir
a vida familiar, causando muitos males. Em minha longa experiência de ensino,
seja como professor, seja na obra de evangelização, seja no trabalho
missionário, tanto em meu país como no exterior, fui defrontado com muitos
problemas familiares. Naturalmente, também li muito sobre o tema. Quando
visitava os lares, quando expunha a Palavra nas reuniões ou em conferências
sobre o assunto, tinha de responder a muitas perguntas que me eram feitas.
A resposta para os
problemas conjugais e familiares de nosso tempo tem de ser procurada na Bíblia.
E não somente no Novo Testamento, pois o Antigo Testamento também proporciona
muito esclarecimento sobre esse tema. Obviamente, as famílias descritas na
Palavra de Deus viviam em épocas e condições muito distintas da nossa. Os usos
e costumes eram diferentes. Não podemos simplesmente transportar certas
maneiras de agir para o modelo cultural de nossa sociedade, menos ainda
aplicá-las ao pé da letra. Ademais, as famílias que nos são apresentadas na
Bíblia nem sempre são exemplares.
A Bíblia é um livro
verdadeiro. Por meio dela, Deus chama nossa atenção tanto para as atitudes
pecaminosas que podem ocorrer na vida familiar como para as boas. Assim também,
quanto a este assunto, se aplica o que o apóstolo Paulo disse em 1 Coríntios
10:11: Estas cousas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para
advertência nossa?
Ao estudar este tema,
reparei outra vez como as muitas instruções desse velho Livro são ainda bem
atuais. Nem poderia ser diferente, visto que foi o próprio Deus quem no-lo deu.
A Bíblia é para todos os homens, de todas as épocas e de todos os países.
A natureza humana
continua a mesma desde o primeiro casal, depois da queda. Todos os homens têm
as mesmas tendências pecaminosas capazes de conduzir aos mesmos extravios. Além
disso, Satanás ainda é o grande sedutor e homicida, como tem sido desde o
princípio (João 8:44). Sempre busca corromper o que Deus dá ao homem para
bênção. Isto se aplica particularmente à vida conjugal e familiar.
Creio que estas considerações farão o leitor compreender a intenção desta série
de artigos. Não existe a pretensão de abordar diretamente temas como noivado,
matrimônio, sexualidade, planejamento familiar e educação dos filhos. O
propósito é apresentar uma série de famílias descritas na Bíblia e,
contemplando-as, tirar lições importantes para a vida familiar de nosso tempo.
Dessa forma, as considerações referentes à vida conjugal e familiar virão
espontaneamente .
As perguntas propostas no final de cada estudo são para instigar estudo pessoal
e aprofundamento no tema. Talvez possam também estimular conversas em família
ou, mesmo, servir de referência para grupos de estudo bíblico.
1 - ADÃO E EVA E SEUS
FILHOS (Gênesis 3 e 4)
A primeira família que
encontramos na Bíblia é a de Adão e Eva. Eles tiveram filhos e filhas (Gênesis
5:4). Não se sabe quantos filhos tiveram, mas os nomes de três deles são
conhecidos: Caim, Abel e Sete.
Primeiro Deus criou a
terra e preparou-a como morada para o homem. Por fim, para completar sua obra,
criou Adão. Formou-o do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida.
Desse modo, o homem passou a ser alma vivente. Deus o fez habitar num lindo
lugar, o jardim do Éden. Sua tarefa era cultivá-lo e guardá-lo (2:15).
Deus lhe deu
autoridade sobre tudo o que havia criado. Adão deu nome a todos os animais,
evidenciando assim a autoridade que Deus lhe dera. Observou os animais[lan1] ,
o vínculo entre macho e fêmea, como Deus os havia criado. Então sentiu uma
grande solidão: ?Não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea? (2:20).
Contudo, antes de Adão
dar-se conta desta necessidade[lan2] , Deus disse: ?Não é bom que o homem
esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea? (2:18). O mesmo Deus
criador pôs esse desejo no coração de Adão e Ele mesmo desejava suprir esse
anseio.
Depois de fazer cair
pesado sono sobre Adão, Deus tirou-lhe uma costela, da qual formou a mulher e
apresentou a Adão. Como Adão deve ter ficado agradecido quando recebeu a mulher
das mãos de Deus! É uma alegria que, desde então, tem-se repetido no coração de
milhares de casais que Deus uniu em mútuo amor.
Adão sabia que Deus
havia formado a mulher dele mesmo. Ela era verdadeiramente de sua própria
carne. O fato de Deus ter usado uma costela de Adão não é insignificante. Vejam
a observação que consta no Talmude dos judeus: Deus não fez a mulher da cabeça
de Adão para que o governasse, tampouco de seus pés para que a pisoteasse, mas,
sim, de uma costela, próxima de seu coração, para que a amasse. Desse modo,
Adão e Eva vieram a ser marido e mulher, uma só carne?
Esse fato mostra um ensinamento profético que mais tarde foi revelado por
Paulo: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio
da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa,
sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito. Assim
também os maridos devem amar a sua mulher como ao próprio corpo. Quem ama a
esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a
alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja; porque somos
membros do seu corpo. Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se
unirá à sua mulher, e se tornarão os dois uma só carne. Grande é este mistério,
mas eu me refiro a Cristo e à igreja? (Efésios 5:25-32). À luz desses
versículos, vemos claramente que cada casal deve ser uma representação real da
relação entre Cristo e a igreja. Qualquer desvio, como poligamia, infidelidade
conjugal e divórcio, está em contradição com o que Deus estabeleceu na criação.
Mais tarde voltaremos a falar sobre isso.
O primeiro casal vivia em completa harmonia. Não se envergonhavam um do outro.
Quando notavam a presença de Deus no jardim, não temiam. Nem mesmo perguntavam
quem dos dois era o líder. Deus estabeleceu as regras da relação de autoridade
entre homem e mulher apenas quando a queda pelo pecado fez isso necessário.
Adão podia compartilhar com sua esposa a tarefa de dominar. Juntos cumpriam a
ordem: ?Multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a? (Gênesis 1:28). Também
juntos exerciam a tarefa de cultivar e guardar o jardim.
Toda bênção que Deus dá ao homem é sempre acompanhada de uma responsabilidade.
Esse também era o caso de Adão e Eva. Não só tinham de cultivar o jardim, mas
também deviam guardá-lo. Isso só era possível num caminho de obediência para
com Deus, não comendo da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois do
contrário morreriam (2:15-17). Sabemos como Satanás conseguiu tentar Eva
e fazer que ela desobedecesse a Deus. Em sua queda, arrastou a seu marido.
Não guardaram o jardim, logo, não podiam mais cultivá-lo, e foram expulsos do
Éden. Perderam o paraíso para sempre. Além disso, por causa da desobediência,
colocaram toda a criação debaixo da influência e do poder de Satanás, do pecado
e da morte.
Quão grandes foram as mudanças que o pecado trouxe a esse casal, mudanças essas
que se estenderam a toda a humanidade (Romanos 5:12). Uma vida feliz em
comunhão com Deus e um com o outro se transformou numa vida de medo e vergonha.
Quando deram conta de sua nudez, coseram para si vestes de folhas de figueira,
as quais Deus substituiu por pele de animais. Não há dúvida de que esse ato de
Deus é uma alusão à reconciliação. Aqui, por meio do sacrifício de uma animal
inocente, Deus já estava querendo dar a entender que o homem só podia subsistir
perante Ele mediante a morte de um substituto.
No paraíso, o trabalho era uma bênção de puro gozo. Mas fora do jardim, a terra
produzia cardos e abrolhos. Adão tinha de cultivá-la com trabalho dificultoso,
e no suor do rosto comer seu pão. Deus chamou a todos os que tiveram parte
nesse primeiro pecado para Lhe prestarem conta. Cada um recebeu a sua própria
sentença: Satanás, a serpente, Adão e Eva.
Constatamos também que ocorreu uma grande mudança na relação desse casal. É
certo que 1 Timóteo 2:13 e 1 Coríntios 11:8-9, passagens que dizem respeito à
posição do homem e da mulher, indicam que o primeiro lugar de Adão ― o de
cabeça ― já fora estabelecido na ordem divina da criação. Mas foi só depois da
queda que Deus disse a Eva: O teu desejo será para o teu marido, e ele te governará?
(Gênesis 3:16). Essa não era a relação entre eles antes do pecado. Felizmente
Adão não recebeu a ordem de mandar em sua esposa (atentemos bem para isso!).
Mas à Eva foi dito claramente que seu lugar seria de subordinação a seu marido.
Muitas vezes se diz que essa relação de subordinação foi abolida pelo evangelho
e não tem mais validade. Homens e mulheres estão agora equiparados na
sociedade, logo, também no lar e na igreja. Cita-se Gálatas 3:28 (v.r.): ?Não
há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque
todos vós sois um em Cristo Jesus?. Quem não é afeiçoado à idéia de emancipação
da mulher é tido como quem comete discriminação e, aos olhos de muitos, parece
estar cometendo o pior pecado.
Quando se faz referência ao que Paulo disse sobre isso em outra passagem do
Novo Testamento, a objeção é refutada com o argumento de que se trata de um
ponto de vista de Paulo, talvez bom e aceitável naquele tempo, mas arcaico e
inviável para nossos dias. Entretanto, os cristãos espirituais, que conhecem a
Bíblia e a amam, sabem que os escritos de Paulo são os mandamentos do Senhor (1
Coríntios 14:34-37). O que se diz com respeito à posição da mulher no lar? ?As
mulheres sejam submissas ao seu próprio marido, como ao Senhor; porque o marido
é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo
o salvador do corpo. Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também
as mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido? (Efésios 5:22-24). Esses
versículos são dirigidos às mulheres, não aos homens. Se alguma irmã porventura
tiver dificuldade para obedecer a essas instruções, é um conselho meu que leiam
várias vezes a passagem. Os homens não precisam fazer isso. Geralmente estão
bem convencidos dessa verdade. Conhecem muito bem o teor da exortação: ?As
mulheres sejam submissas ao seu próprio marido? Mas isto não lhes dá o direito
de interpretar o versículo como se dissesse: Maridos, mantende vossas mulheres
em sujeição? A instrução aos maridos está na seqüência da passagem que acabei
de citar: Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si
mesmo se entregou por ela? (v. 25). Amar a sua esposa é bem diferente de
governá-la!
Certa vez visitei um casal cuja relação estava muito longe do ideal. Quando
cheguei o marido ainda não estava em casa. A esposa me recebeu e, passado um
tempo, começou uma longa lista de queixas contra o marido. Era quase
interminável. Durante algum tempo escutei em silêncio. Mas depois comentei que,
ao que parecia, ela tinha um marido desobediente à Palavra de Deus. Pode-se
dizer que sim ,respondeu ela, Nunca ouço dele nenhuma palavra de apreciação ou
de carinho. Peguei minha Bíblia, busquei a primeira epístola de Pedro 3:1-2 e
li: Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio marido, para que,
se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho, sem palavra alguma, por meio do
procedimento de sua esposa, ao observar o vosso honesto comportamento cheio de
temor. São versículos que ela conhecia bem. Quando lhe perguntei se tinha posto
em prática esse conselho de Pedro, respondeu-me com franqueza que não: Devo
confessar que muitas vezes, quando ele se conduziu indevidamente, eu lhe
respondi com palavras duras". Ela admitiu que essa talvez fosse a razão de
não lograr exercer boa influência sobre o marido.
Naquele momento, nossa conversa foi interrompida pela chegada do marido. Ele
viu a Bíblia aberta e o rosto da esposa inchado pelo choro e entendeu o que
estava acontecendo. De fato, a relação entre eles não era como devia ser. Ele
prontamente confessou isso.
No decorrer da conversa lemos o sétimo versículo desse mesmo capítulo:
?Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e,
tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com
dignidade, porque sois, juntamente, herdeiros da mesma graça de vida, para que
não se interrompam as vossas orações?. O homem se queixou: Como alguém pode
amar uma mulher que não quer saber de sujeição, sempre é rebelde e quer fazer a
vez de chefe? E a esposa reagiu: Como uma esposa pode se sujeitar a um marido
que nunca demonstra apreciação ou carinho? Ninguém suporta isso! Por fim,
aconselhei os dois a trocar urgentemente os textos bíblicos. Que a mulher lesse
e praticasse o que estava escrito para ela, e o marido levasse a sério o que
estava escrito para ele.
Não é esse um problema generalizado entre os cristãos: atentar para o que o
outro deve fazer? Somos mais propensos a atentar para os outros e criticá-los
que a aplicar a Palavra de Deus a nós mesmos.
Os versículos citados lançam uma clara luz sobre as relações entre marido e
mulher no matrimônio e no lar. Quanto à Igreja, o lugar assinalado para homens
e mulheres também não é o mesmo. O apóstolo Paulo escreveu a Timóteo com o
propósito de instruí-lo "como se deve proceder na casa de Deus, que é a
Igreja" (1 Timóteo 3:15). Disse: A mulher aprenda em silêncio, com toda a
submissão. E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem;
esteja, porém, em silêncio? (1 Timóteo 2:11-12).
Em 1 Coríntios 14:34, o apóstolo diz: ?Conservem-se as mulheres caladas
nas igrejas, porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como
também a lei o determina?. O que Paulo escreveu é um mandamento do Senhor, a
cabeça da Igreja.
Noutro tempo não se
suscitava a questão de ordenar uma mulher para o ministério, porque os
versículos que lemos há pouco eram tidos como suficientemente claros e aceitos
por sua autoridade. É triste verificar que hoje em dia, em geral, a ocorrência
de mulheres exercendo o ministério nem mais se questiona. Por acaso encontraram
uma melhor explicação para essas passagens? Impossível, pois não dão margens a
duas interpretações! Não, argumentaram simplesmente que esses conceitos estão
arcaicos. Seriam meros pontos de vista do apóstolo Paulo, aplicáveis àquele
tempo, obsoletos para a época atual. Com essa forma de argumentar, as
Escrituras são privadas de sua autoridade e simplesmente postas de lado. Aliás,
é bem isso que tem acontecido com muitas outras verdades bíblicas, mas não
quero me delongar nisso agora.
No tocante ao lugar da
mulher na Igreja, os versículos apresentados são suficientes para toda mulher
que queira submeter-se à autoridade das Escrituras. O serviço público na Igreja
é uma área para a qual o Senhor, que é o cabeça da Igreja, chamou o homem. Para
ele há numerosas instruções como exercer esse serviço. A mulher foi chamada
para outras tarefas, e isso não significa que ela tenha lugar inferior diante
do Senhor. Eram mulheres que serviam ao Senhor com seus bens. Foi a mulheres
que o Senhor se apresentou primeiro, após a ressurreição. Foram mulheres quem
Ele incumbiu de transmitir aos irmãos a grande notícia de Sua ressurreição.
Mulheres lutaram junto com Paulo em prol do evangelho. O homem e a mulher têm
cada um o seu próprio lugar, tanto no lar como na Igreja.
Gênesis 4 começa
comunicando que Adão e Eva coabitaram. A relação sexual entre os cônjuges é uma
bênção especial de Deus, na qual não há nada pecaminoso nem sujo. É um prazer e
privilégio que Deus associou ao matrimônio. Isso pode ser constatado na
instituição do matrimônio, quando Deus disse: "Estes dois serão uma só
carne" (Gn 2:24). Deus implantou o instinto sexual nos animais para
perpetuação da espécie. Este também é o propósito de Deus para o homem. Deus
disse a Adão e Eva: Sede fecundos, multiplicai-vos? (Gn 1:28). A bênção dos
filhos é uma fonte de grande alegria no matrimônio. E a ordem para gerar filhos
continua vigente nos dias de hoje. Pode-se dizer que esse é o único mandamento
que o gênero humano têm obedecido voluntariamente, em qualquer lugar. É uma
conseqüência da atividade sexual. Embora, no tocante à sexualidade, Deus tenha
dado ao homem muito mais que aos animais, dotando-o de compreensão e do amor
controlado pela razão. Quando falta esse controle, o homem se rebaixa ao nível
do instinto animal. 1 Coríntios 7:3-5 nos dá claras instruções de como viver a
sexualidade no casamento: "O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e
também, semelhantemente, a esposa, ao seu marido. A mulher não tem poder sobre
o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não
tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher. Não vos priveis um ao
outro, salvo talvez por mútuo consentimento, por algum tempo, para vos
dedicardes à oração e, novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos
tente por causa da incontinência".
Vimos que Deus deu ao
homem e à mulher uma posição distinta em certas áreas da vida. As epístolas de
Paulo também apresentam isso. Por isso, é tanto mais notável verificar que
neste caso ambos os parceiros são contemplados com igual posição e igual
direito. Esse é um aspecto muito importante para a vida sexual. Outro ensino
importante é que os parceiros não devem ter em vista a sua própria satisfação,
mas devem almejar a felicidade do outro. A meta no matrimônio não deve ser
obter o máximo proveito possível, mas dar o mais que se possa. Se esses
princípios forem respeitados, é possível viver por muitos anos um casamento
prazeroso e harmonioso, mesmo no aspecto físico. Os laços do amor desse modo se
reforçam. Por outro lado, a desconsideração desses princípios é a causa do
fracasso de muitos matrimônios. O amor se esfria até que, por fim, um fica
alheio ao outro; e o resultado muitas vezes é desastroso.
Muitos irmãos supõem,
e até ensinam, que o celibato (ou a abstinência sexual dos casados) é indicador
de um nível mais elevado de espiritualidade no crente. Isso é um erro. O
próprio Senhor Jesus ensinou de forma diferente, e demonstrou isso chamando
homens casados para apóstolos (1 Coríntios 9:5). Deus só aprova que alguém abra
mão do matrimônio quando o fizer voluntariamente em prol do Reino de Deus.
Poucos são qualificados com esse dom especial. Paulo também ensinou isso (1
Coríntios 7:32) e se opôs firmemente aos que proibiam o matrimônio (1 Timóteo
4:3). A exigência do celibato, que mais tarde foi instituída na igreja romana,
não tem nenhuma base bíblica. A história eclesiástica provou que as pessoas não
são capazes de viver uma vida casta quando isso lhes é imposto. Que ninguém se
subestime nesse assunto. Não é o desejo em si mesmo o que caracteriza o pecado ―
aquilo que Paulo chama de viver abrasado, mas o fato de buscar satisfação
sexual fora do casamento.
Os coríntios
escreveram a Paulo fazendo muitas perguntas, entre elas, várias a respeito do
casamento. A resposta do apóstolo dá a entender que, dentro da esfera do
matrimônio, Deus concedeu um lugar aos impulsos sexuais. Ceder a esses impulsos
fora dessa esfera, caracteriza a "prostituição" ou o
"adultério", e é condenado como pecado. É bom e absolutamente
necessário que os crentes atentem para essa norma. Em nosso país, dito cristão,
isso foi, nas gerações passadas, de certa forma levado em conta na formulação
das leis. Hoje em dia, muitos não querem mais saber desse princípio divino. As
relações sexuais fora do casamento são aprovadas e, muitas vezes, até
publicamente propagadas.
Também as relações homossexuais
recebem aprovação. Muitos até querem que essa forma de convivência seja
reconhecida por lei. Os que têm a coragem de protestar publicamente contra tais
práticas são tachados de antiquados e tapados. Devem ser punidos por
discriminação, dizem alguns. Pensam esses que poderíamos nos desenvolver melhor
e viver mais felizes sem essas normas bíblicas. E esse pensamento não é tão
novo quanto parece. É a mesma velha mentira de Satanás no paraíso: No dia em
que [...] comerdes [o fruto proibido...] como Deus, sereis conhecedores do bem
e do mal? (Gênesis 3:5). É uma meia-verdade, e geralmente uma meia-verdade é
pior que uma mentira inteira. O diabo deixou de mencionar que, com esse
conhecimento, o homem não mais seria capaz de deixar o mal, nem tampouco de fazer
o bem. Abolir as normas de Deus nunca fez o homem mais feliz, nem jamais fará.
Que sociedade desventurada é esta de hoje, que cada vez mais se afasta de Deus!
O primeiro filho de
Adão e Eva foi Caim. Depois nasceu Abel. Eles não "fizeram" filhos,
como às vezes se diz hoje em dia. Filhos devem ser vistos pelos pais como dom
de Deus. Estes, portanto, também devem ser criados para Deus. Eva reconheceu no
filho que lhe nascera uma bênção de Deus. Ao criar filhos, os pais muitas vezes
experimentam bastante alegria, muitas vezes também, preocupação e tristeza. E o
mesmo se deu com os primeiros pais.
O filósofo Rousseau
afirmou que as crianças são como um papel em branco. Uma vez que o educador
saiba evitar qualquer má influência sobre ela, poderá escrever o que quiser
sobre essa folha em branco. Todavia, o relato da primeira família nos ensina
algo diferente. As influências exteriores não desempenharam nenhum papel na
criação dos filhos do primeiro casal. O que de fato pesou no caso de Caim foi a
natureza pecaminosa que recebera desde o nascimento. Seus pais provavelmente
tiveram muita preocupação e tristeza por causa dele. A elevada expectativa de
Eva resultou em grande desilusão.
Caim era religioso.
Foi ele que ofereceu o primeiro sacrifício a Deus. Mas, ao contrário de seu
irmão, ele não entendeu nada do fundamento sobre o qual um pecador pode
subsistir perante Deus e se aproximar dEle. Abel também ofereceu um sacrifício,
mas os sacrifícios dos irmãos foram diferentes. Se alguém ler a Bíblia
superficialmente, poderá supor que a causa disso estava na diferença de seus
ofícios. Caim, agricultor, ofereceu a Deus um sacrifício dos frutos da terra, e
Abel, pastor, ofereceu a primogênita de suas ovelhas. Pode parecer natural.
Mas, se pensarmos assim, perderemos a grande lição concernente à reconciliação
que essa história encerra. Em Hebreus 11:4 lemos: Pela fé, Abel ofereceu a Deus
mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser
justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também
mesmo depois de morto, ainda fala?
Há uma grande
diferença entre esses dois homens: Abel tinha fé e, fundamentado nessa fé,
ofereceu sacrifício. Hebreus diz que ele ofereceu um sacrifício "mais
excelente", um sacrifício de sangue, dando a entender que reconhecia sua
culpabilidade diante de Deus. Ele cria em Deus e que este lhe aceitaria o
sacrifício em seu lugar. O sacrifício de Caim evidenciava um rito religioso
constituído segundo a vontade própria: ofereceu frutos da terra -- da mesma
forma que seu pais, que, depois de caírem no pecado, pensavam poder vestir-se
perante de Deus com folhas de figueira produzidas por uma terra maldita. As
peles com as quais Deus os vestiu ensinavam de maneira figurada que o pecador
só pode aproximar-se de Deus em virtude do sacrifício de um substituto
executado no lugar deles. Adão e Eva tiveram de aprender essa lição e, sem
dúvida alguma, também a ensinaram a seus filhos, mas Caim não a compreendeu.
Razão pela qual lemos que Deus não se agradou de Caim e de sua oferta? (Gênesis
4:5). Outra coisa que notamos aqui é que, nessas duas ofertas, Deus relaciona o
ofertante com sua oferta.
Adão e Eva podiam
contar a seus filhos os grandes feitos de Deus e compartilhar com eles os
ensinamentos que eles próprios haviam recebido de Deus. Mas não estava ao
alcance deles convertê-los nem induzi-los à fé. Isso é algo que só Deus pode
fazer, mediante a operação do Espírito Santo.
O mesmo também se
aplica aos pais da atualidade. Temos de estar profundamente cientes de nossa
grande responsabilidade como pais e, ao mesmo tempo, convencidos da nossa
completa incapacidade. Isso nos levará à oração. Rendamos graças a Deus pelos
filhos que se convertem e evidenciam a verdadeira fé. Sigamos orando pelos que
continuam demonstrando desinteresse.
Quando Caim viu que
Deus rejeitara sua oferta, irou-se grandemente contra seu irmão e finalmente o
assassinou. Por quê? O apóstolo João dá a resposta: Porque as suas obras eram
más, e as de seu irmão, justas? (1 João 3:12).
Não obstante, Deus
também amava Caim, assim como ama a todos os pecadores. Não quer que o pecador
pereça, mas que se converta e seja salvo (veja 2 Pedro 3:9; 1 Timóteo 2:3-4).
Por isso advertiu Caim antes de este consumar o ato deplorável. Posteriormente,
quando Deus lhe anunciou o castigo, Caim reconheceu a gravidade de seu pecado.
Teria sido arrependimento sincero? Ou ele teria ficado impressionado com os
terríveis resultados de sua maldade? Quanto a isso, só podemos fazer
suposições.
Caim foi desterrado.
Antes de se retirar, Deus pôs sobre ele um sinal para que qualquer que o
encontrasse não o ferisse de morte. Até no juízo pronunciado sobre Caim vemos a
misericórdia de Deus. A expressão quem quer que o encontrasse [lan1] ? (Gênesis
4:15) é óbvia referência aos outros filhos de Adão e Eva. Alguns provavelmente
já haviam-se casado com uma das irmãs. O próprio Caim tomou uma irmã por
mulher.
No lugar de Abel, Deus
deu outro filho a Adão e Eva: Sete. Gênesis 5 nos fala dele e de sua
descendência, é um capítulo que termina com Noé, cuja família vamos considerar
numa próxima ocasião. A descendência de Caim nos é relatada no capítulo 4.
Dessa linhagem destaca-se Lameque e seu lar. É deles que trataremos no próximo
estudo.
Questões relativas à família nº 1
- Que princípios sobre o matrimônio encontramos em Gênesis 2:24?
- Como Satanás conseguiu fazer que os primeiros homens pecassem (Lucas 4:1-13 e 1 João 2:16)?
- No que consistiu a condenação de Satanás, a serpente, e a de Adão e de Eva (Gênesis 3:14-19)?
- Em Gênesis 3:7 e 21 notamos que o homem não pode agradar a Deus com suas próprias obras. O que dizem as passagens de Romanos 3:28 e Efésios 2:8-9 a esse respeito?
- Como Deus regulamentou a relação entre o homem e a mulher (leia Malaquias 2:14-16; Efésios 5:22-23; 1 Pedro 3:1-7)?
- Que importância tem a sexualidade? No que diz respeito à sexualidade, qual é a diferença entre o homem e os animais (leia Gênesis 1:28; 2:24; 1 Coríntios 7:3-5)?
- Qual a diferença entre Caim e Abel (leia Hebreus 11:4 e 1 João 3:12)?
Texto extraido do livro do pastor H. WILTS (Família segundo o plano de Deus) Editora: DLC
Literatura cristã.
ESTE ARTIGO É PRA REFORÇAR A NOSSA COMREENSÃO SOBRE A FAMÍLIA E O SEU PAPEL NO LINDO PLANO DE DEUS. QUE O SENHOR NOS AJUDE A PRESERVAR ESTA SAGRADA INSTITUIÇÃO QUE DEUS QUIS QUE FOSSE A FAMÍLIA, INSTITUÍÇÃO ESTA QUE O DIABO TENTA DE TODAS AS FORMAS DESTRUIR.
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